Na fúria de uma onda

Num frágil respirar

Agarro-me ao que resta

A vida num olhar

E passa o tempo lento

Contado a cada sopro

Perdido num tumulto

Que me invade de assombro

E trago ancorado

O calor desse porto

A força desse olhar

Tatuado no corpo

Num arrojo impensado

Surgem, alheias ao perigo

As mãos que me embalam

E dão de novo abrigo

No calor de um abraço

Revivo tudo em segredo

E no silêncio do tempo

Só mais tarde chega o medo

E trago ancorado

O calor desse porto

A força desse olhar

Tatuado no corpo